A educação ambiental é uma alternativa que parece não ter efeito. Isso acontece porque muita gente entende educação ambiental como verdismo, simplesmente passear em parques, visitar animais, promover e/ou participar de campanhas de separação de lixo. Mas isso é muito superficial. Isso é uma forma de separar a natureza em sua dimensão natural da sua dimensão interna. É como separar o mundo externo do mundo da sua própria casa, ou da instituição da escola. Então, educação ambiental é ressensibilização, tomada de consciência existencial, de como podem ser criados modos de ser, modos de vida, onde o cultivo das emoções positivas, dos valores, da vida simples, do que a nossa tradição herdou. Essas tradições eram sustentáveis em termos de alimentação, de medicação natural. Por exemplo, o que os índios nos legaram. Só que tomamos um rumo chamado progresso que nos levou a essa situação de crise.
A educação sempre tem que ser pensada em três níveis. Educação não é o mesmo que informação. A informação é apenas um ponto básico, mas não é o principal. A nossa educação às vezes é muito informativa, racionalista e técnica. Mas não ensina o indivíduo a viver, resgatar suas tradições, ser afetivo, expressar suas dores e alegrias. O outro nível é a educação como tomada de consciência. E aí vem a dimensão crítica, política, social e sensível, que é afetividade, educação estética. Se não for assim, não funciona muito bem. Estética aqui é no sentido da sensibilidade, da beleza. Depois vem o nível três: ação. Eu preciso da informação, da sensibilização, consciência para chegar ao nível de ação.
A educação ambiental deve focar o que as pessoas sentem, nos grupos, no encontro com o outro. E destas com o que se chama meio natural.
É essencialmente uma questão existencial e social, não natural, não biológica. É uma percepção ampla que toca o sentido que o universo nos permite em cada momento, em cada situação: de dor ou de amor, como lidamos com a vida e sua ordem, suas leis.
Na sua obra vivencial fabulosa, Nossa vida como Gaia, J. Macy reflete que a educação, apenas como reprodução técnica e racional, produz uma sociedade de robotizados e de desenraizados do meio natural e dos saberes tradicionais, sustentáveis, locais. Por isso, o segundo nível deve ser a consciência crítica e a sensibilidade, para então contemplar o terceiro: o agir local para melhorar. Isso inclui uma educação relacional, emocional, afetiva, de valores. Isto é, integrar-se ao ambiente como um todo. A conexão com o ambiente vai junto com a conexão com nossa psique, com medos, dores, alegrias e amores.
Revista Mundo Jovem
publicada na edição nº 397, junho de 2009.